segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"O BEIJO NA PAREDE", JEFERSON TENÓRIO - EDITORA SULINA




Romance merecidamente premiado com o troféu "Livro do Ano" - 2014 - AGES (Associação Gaúcha de Escritores), uma obra comovente e encantadora que vale muito a pena ler.


"Forçado a deixar a cidade natal na companhia do pai para morar em um território estranho no sul do país, João, de apenas 11 anos, passa a acumular do dia para a noite uma sucessão de abandonos. Envolto subitamente pelo desamparo total, o jovem herói se esforça em desviar das paredes que emergem no novo cotidiano, repleto de personagens esquecidos. Cavando pequenos espaços de sobrevivência, João promove o improvável encontro entre o niilismo e a cor exuberante das coisas – nativa apenas na mente de uma criança. Jeferson Tenório constrói um narrador singular e tocante nessa sua primeira obra, um verdadeiro arquiteto do invisível, capaz de reposicionar a dor, extrair, entre lágrimas e sorrisos, o sopro de vida de personagens que aparentam estar mortos, ou simplesmente derrubar as paredes mais duras da existência com um beijo, deixando uma alternativa real para a esperança em seu lugar."


Trechos e frases:


"E o pensamento da gente é assim mesmo: quando a gente não quer que ele pense, daí é que ele pensa. E pensa mais forte. E pensa mais difícil."

"Para não chorar eu pensava em coisas que fossem melhores que a vida,  isso é uma coisa difícil, mas se a gente pensar bem acaba encontrando."

"Eu nunca tive uma ideia genial, portanto eu estava mesmo ferrado. E na vida, se você não tem uma ideia genial, você é esquecido pra sempre."

"Eu gostava quando chovia. Sei que já disse isso, mas acho até que a chuva foi meu primeiro amigo."

"Foi nesse mesmo tempo que peguei a mania de beijar paredes.Que é até um bom negócio quando não se tem ninguém para amar."

"... a vida é feita para passarmos sem perceber que já estamos vivendo."

"A maioria de nós saiu em silêncio, porque a tristeza não costuma fazer barulho."

"Mas o pensamento é uma coisa de que não se pode escapar."

"Decidi voltar, pois a vida é dura e às vezes é preciso recuar."

"Quando não se tem ninguém, fica mais difícil encontrar um caminho."

"... porque ter medo do que imaginamos é pura maluquice, e quando começamos a frequentar essas maluquices, corremos o risco de nunca mais voltar à lucidez."

"Sonhar é bom, dona Dinorah. Quando eu tinha um pai, ele me dizia que, quando a gente sonha muito, morre mais depressa. Porque os sonhos nos fazem perder a noção da realidade. Mas acontece que agora eu já conheço o Dom Quixote e sei que isso é bem ao contrário: que é o sonho que nos faz continuar vivendo."

"Porque todo mundo tem necessidade de amar."

"... a morte para mim já não era o fim. O fim para mim era estar só."

"... as pessoas só podem morrer na cabeça da gente. Mesmo quando são enterradas a sete palmos e todos os vermes tomam conta do corpo e devoram até o ultimo fiapo de carne, elas podem continuar vivas, e só morrem quando nos esquecemos delas."

"Sinceramente, não sei que diferença faz a idade que uma pessoa adquire com o tempo, pois a vida não escolhe idade quando quer doer."

"As flores são uma coisa esquisita mesmo. Nascem com essa beleza toda e depois vão morrer numa mesa qualquer sem saber que são bonitas. Mas acho que só as flores sabem viver."

""O que é o amor, João?", perguntou dona Dinorah.
  "Não se preocupe com isso, dona Dinorah. Deixe isso para os filósofos. O importante é que agora a senhora tem alguém para amar.""

"Os pesadelos são os sonhos que a gente deixa envelhecer..."

"Ninguém é velho demais quando se tem alguém para cuidar."

"... acho que a felicidade nunca é uma coisa grande."

"A coerência só serve para os idiotas."

"...o que pode ser pior que o câncer?
 Ele custou um pouco a falar, depois disse com uma voz quase embargada:
 É a falta de amor."

"O mar é um abismo. O mar é do tamanho do tempo. Imagina que ele é feito também de peixes, de sal, de algas, de cavalos-marinhos, de sereias..."

"Acho que não viemos nesse mundo para ter certezas."



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