segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"O BEIJO NA PAREDE", JEFERSON TENÓRIO - EDITORA SULINA




Romance merecidamente premiado com o troféu "Livro do Ano" - 2014 - AGES (Associação Gaúcha de Escritores), uma obra comovente e encantadora que vale muito a pena ler.


"Forçado a deixar a cidade natal na companhia do pai para morar em um território estranho no sul do país, João, de apenas 11 anos, passa a acumular do dia para a noite uma sucessão de abandonos. Envolto subitamente pelo desamparo total, o jovem herói se esforça em desviar das paredes que emergem no novo cotidiano, repleto de personagens esquecidos. Cavando pequenos espaços de sobrevivência, João promove o improvável encontro entre o niilismo e a cor exuberante das coisas – nativa apenas na mente de uma criança. Jeferson Tenório constrói um narrador singular e tocante nessa sua primeira obra, um verdadeiro arquiteto do invisível, capaz de reposicionar a dor, extrair, entre lágrimas e sorrisos, o sopro de vida de personagens que aparentam estar mortos, ou simplesmente derrubar as paredes mais duras da existência com um beijo, deixando uma alternativa real para a esperança em seu lugar."


Trechos e frases:


"E o pensamento da gente é assim mesmo: quando a gente não quer que ele pense, daí é que ele pensa. E pensa mais forte. E pensa mais difícil."

"Para não chorar eu pensava em coisas que fossem melhores que a vida,  isso é uma coisa difícil, mas se a gente pensar bem acaba encontrando."

"Eu nunca tive uma ideia genial, portanto eu estava mesmo ferrado. E na vida, se você não tem uma ideia genial, você é esquecido pra sempre."

"Eu gostava quando chovia. Sei que já disse isso, mas acho até que a chuva foi meu primeiro amigo."

"Foi nesse mesmo tempo que peguei a mania de beijar paredes.Que é até um bom negócio quando não se tem ninguém para amar."

"... a vida é feita para passarmos sem perceber que já estamos vivendo."

"A maioria de nós saiu em silêncio, porque a tristeza não costuma fazer barulho."

"Mas o pensamento é uma coisa de que não se pode escapar."

"Decidi voltar, pois a vida é dura e às vezes é preciso recuar."

"Quando não se tem ninguém, fica mais difícil encontrar um caminho."

"... porque ter medo do que imaginamos é pura maluquice, e quando começamos a frequentar essas maluquices, corremos o risco de nunca mais voltar à lucidez."

"Sonhar é bom, dona Dinorah. Quando eu tinha um pai, ele me dizia que, quando a gente sonha muito, morre mais depressa. Porque os sonhos nos fazem perder a noção da realidade. Mas acontece que agora eu já conheço o Dom Quixote e sei que isso é bem ao contrário: que é o sonho que nos faz continuar vivendo."

"Porque todo mundo tem necessidade de amar."

"... a morte para mim já não era o fim. O fim para mim era estar só."

"... as pessoas só podem morrer na cabeça da gente. Mesmo quando são enterradas a sete palmos e todos os vermes tomam conta do corpo e devoram até o ultimo fiapo de carne, elas podem continuar vivas, e só morrem quando nos esquecemos delas."

"Sinceramente, não sei que diferença faz a idade que uma pessoa adquire com o tempo, pois a vida não escolhe idade quando quer doer."

"As flores são uma coisa esquisita mesmo. Nascem com essa beleza toda e depois vão morrer numa mesa qualquer sem saber que são bonitas. Mas acho que só as flores sabem viver."

""O que é o amor, João?", perguntou dona Dinorah.
  "Não se preocupe com isso, dona Dinorah. Deixe isso para os filósofos. O importante é que agora a senhora tem alguém para amar.""

"Os pesadelos são os sonhos que a gente deixa envelhecer..."

"Ninguém é velho demais quando se tem alguém para cuidar."

"... acho que a felicidade nunca é uma coisa grande."

"A coerência só serve para os idiotas."

"...o que pode ser pior que o câncer?
 Ele custou um pouco a falar, depois disse com uma voz quase embargada:
 É a falta de amor."

"O mar é um abismo. O mar é do tamanho do tempo. Imagina que ele é feito também de peixes, de sal, de algas, de cavalos-marinhos, de sereias..."

"Acho que não viemos nesse mundo para ter certezas."



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

LEITURA



A leitura permite criarmos o mundo a nossa vontade apenas usando o colorido da imaginação.




(Patrícia Belmonte - Delírios Poéticos - www.patriciabelmonte.blogspot.com.br)


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A LEITURA ABRE PORTAS




A leitura é a chave que abre as portas do infinito.



(Patrícia Belmonte - Delírios Poéticos - www.patriciabelmonte.blogspot.com.br)


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

"PRÍNCIPE SOMBRIO", CHRISTINE FEEHAN - ED. UNIVERSO DOS LIVROS


Este é o primeiro livro da série ‘Os Cárpatos’, da escritora americana Christine Feehan.
A série nos apresenta uma raça muito poderosa e antiga, que são Os Cárpatos. Eles são dotados de muitas capacidades e vivem há milhares de anos, mas encontram-se a beira da extinção.
Houve poucas crianças nascidas deles nos últimos séculos, e aqueles que foram nascidos são todos do sexo masculino e muitas vezes morrem no primeiro ano. Tem sido mais de 500 anos desde que uma fêmea tenha nascido. Na ausência de seus homólogos do sexo feminino, também conhecido como "companheiros", homens dos Cárpatos perdem a capacidade de sentir emoções e ver em cores. O único sentimento que lhes resta é a emoção de fazer uma matança. Uma vez que um homem fez isso, ele perde sua alma e "vira", tornando-se o monstro da lenda humana, o vampiro ou o "morto-vivo". Com tão poucas mulheres à esquerda, os homens são forçados a fazer uma escolha difícil: ou se tornar vampiro ou "o amanhecer" (ou seja, cometer o suicídio). No entanto, quando o fazem encontrar uma companheira, a capacidade de ver em cores e suas emoções são restauradas para eles, e suas almas são salvas.

Nesse primeiro livro vamos conhecer Mikhail Dubrinksy, que é o Príncipe dos Cárpatos. Tomado pelo desespero, com medo de nunca encontrar a companheira que iria salvá-lo da escuridão, a alma de Dubrinksy gritava na solidão. Até o dia em que uma bela voz, cheia de luz e amor, chegou a ele, atenuando sua dor e seu anseio.
Raven Whitney possui poderes telepáticos e os utiliza na captura dos mais depravados serial- killers. Desde o momento que se conheceram, Raven e Mikhail foram incapazes de resistir ao desejo que faiscava entre eles. Mas como o príncipe dos Cárpatos poderia trazer Raven para seu mundo sem extinguir as cores que a embelezam?
O livro nos traz muito suspense e erotismo, aos leitores que gostam desse conjunto, essa é uma ótima dica de série.
Apesar de não ser meu tipo de livro predileto, apreciei muito a maneira com que a autora o escreveu. Fica a dica!



Trechos e frases:



"O corpo dela desejava, tinha fome dele."

"Era como um sonho deslumbrante, como se eles estivessem flutuando com a névoa fina, como se fizessem parte da noite."

"Ela podia ouvir o coração dos dois batendo ao mesmo tempo, o sangue dele, o seu próprio."

"Havia uma marca implacável nas feições sombrias, uma abertura impiedosa na boca, e uma fome ardente na profundidade dos olhos dele."

"-Eu ofereço minha proteção a você. Ofereço minha fidelidade. Ofereço minha mente. Meu coração. Minha alma. Ofereço meu corpo. Eu guardarei comigo aquilo que é seu. Sua vida será adorada por mim para sempre. Sua vida será colocada acima da minha para sempre. Você é minha companheira. Você está ligada a mim para toda eternidade. Você estará sempre sob o meu cuidado."

"O prazer intenso bloqueou a realidade por um longo tempo."

"Depois de esperar várias vidas por aquela mulher, não a queria com mais ninguém."

"Ele a estava deixando sem fôlego com aquela exploração distraída e prazerosa de seu corpo. Era mais do que físico, ela o sentia dentro de si, admirando-a, mesmo quando queria forçá-la e aceitar sua vontade. Ela o sentia em seu corpo, afagando a mente, acariciando o coração dela. Sentia os sentimentos dele por ela crescendo e aumentando até que o consumissem."

“Enquanto pensava na voz dele, os pesadelos recuaram.”

“Se ela fosse minha, eu a manteria tão perto que nada nunca teria a chance de feri-la.”
“Raven gostava da sensação leve das folhas sob os pés enquanto eles andavam pela floresta. Ela levantou o rosto para sentir o vento, inspirou profundamente para absorver cada segredo que a brisa podia carregar e divulgar. Cada inseto, cada sussurro nos arbustos, cada movimento de um galho, iluminava o terrível medo em seu coração e afastava as horríveis memórias mais um pouco.”

“Eu tive uma escolha em cada etapa do caminho, desde o nosso primeiro encontro. Eu escolhi você. Claramente, no meu coração e na minha cabeça, eu escolhi você. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, mesmo sabendo o que eu teria de enfrentar, eu escolheria você sem hesitar."



segunda-feira, 4 de agosto de 2014

"O TEMPO É UM RIO QUE CORRE", LYA LUFT - ED. RECORD



Ao mesclar memória e reflexões sobre a passagem do tempo, Lya Luft cria um pungente ensaio sobre as relações humanas, a infância, a juventude, o amadurecimento, a morte e o valor da vida.

O livro é divido em três partes — Águas mansas, Marés altas e A embocadura do rio, assemelhando o rio a passagem do tempo nas diferentes etapas das nossas vidas.

A escritora é sempre muito profunda nos seus pensamentos e textos, com isso o livro nos remete a muitas situações, algumas mais leves, mas em alguns momentos um tanto tocantes.

Como em toda sua obra Lya é um exemplo clássico da Literatura, aquela literatura que te faz usar o raciocínio para ter uma compreensão melhor e mais proveitosa da leitura.




Trechos e frases:


"O tempo transforma, a memória preserva, a morte ao fim absorve. (Ou devo escrever "absolve"?"


"Porque a memória é a guardiã da vida. E porque nesse reino do pensamento mágico, num mundo ainda informe, se prende a raiz do destino. É quando o tempo quase não existe: existe uma forma nebulosa de viver entre sonho e realidade, que depois quase todos perdemos. (Exceto os artistas e os loucos.)"


"- O tempo está sempre passando, é como água de um rio, a cada instante tudo muda. Até a gente não é a mesma pessoa de um segundo atrás."


"Cúmplices de nós mesmos nesse solitário brinquedo de existir, alternamos trabalho duro com euforia cintilante, desejo de se ocultar atrás de fantasias e o ímpeto de arrancar as máscaras e finalmente ser."


"(Antes de lhe darmos nome tudo se chama: enigma.)"


"Memórias e sonho porém resistem como ilhas no meio do rio."


"Pensava no significado da natureza, do vento, da chuva, do silêncio das noites numa cidade pequena em que depois de certa hora tudo adormecia menos eu, menos eu? Lá fora todas as coisas conhecidas, pessoas, árvores, casas, estavam agora afogadas num vasto tinteiro, noite sem estrelas, ruazinha sem iluminação, e no inverno nem ao menos vaga-lumes. (Era o Nada que queria me devorar.)"


"Não é preciso ter uma alma juvenil na maturidade ou na velhice, mas uma faísca de alegria, uma brecha para imaginação, vontade de dançar sem música. Isso vale mais do que todos os recursos da estética, da medicina, da psicologia, das mais belas viagens, e mesmo dos mais tocantes afetos."


"(Dores de crescimento furam os ossos da alma.)"


"Viver é estar num campo de batalha, as metralhadoras disparando o tempo todo. Atingem desconhecidos, ou alguém bem longe, mais próximo, ou no nosso lado. Um dia os atingidos seremos nós."


"Quanto mais dividida nesses cuidados, mais inteira fica a nossa vida. E o tempo de despedir, de deixar que se vá para viver seu tempo, esse filho, essa filha: essa dádiva que o tempo não faz empalidecer mas perdura quando quase todo o resto se esvai. 
Porque tudo se vai e se transforma, eventualmente nos damos conta da importância máxima das coisas mínimas. É como escutar, num segundo de vigília no meio do sono, a respiração do mar."


"Não é fácil botar a cabeça para fora da montanha de compromissos importantes ou fúteis, analisar-se, descobrir-se e tomar decisões - ainda que sejam para melhorar a vida, a nossa e a dos que convivem conosco. A ilusão pode ser mais confortável, mas a verdade é mais simples, só não sabemos que verdade é essa."


"Uma distração qualquer, e a mão que se estende chega tarde, o pulso já fora cortado; por um fio, por um minuto, o avião havia partido, o telefone estva fora do gancho. Foi egoísmo nosso, futilidade, aridez? Descartamos o que não faz parte do nosso mundo. Porque somos perversos?
Porque somos humanos.
(Pensar dói.)"


"Dissabores fazem parte. (Maior devia ser a celebração da vida.)"


"O afeto pode ser maior do que o esquecimento."


"O tempo faz florescer paixões que fenecem logo adiante; ou transfigura um amor intenso na generosa árvore de uma longa boa relação. Mais uma vez, as contradições do tempo são as nossas: ele mata, ou eterniza, e para sempre estará conosco aquele cheiro, aquele toque, aquele vazio, aquela plenitude, aquele segredo."


""O tempo?", disse um personagem meu: "precisamos fazer dele nosso animal de estimação, ou ele nos devora.""


"(Amadurecer devia ser refinar-se.)"


"(Todo encontro especial é uma primeira vez.)"


"Viver é sentir a transformação do encanto esplêndido da juventude na potente força da maturidade, e depois na beleza peculiar da velhice."


"A vida é uma casa que construímos com as próprias mãos, criando calos, esfolando os joelhos, respirando poeira. Levantamos alicerces, paredes, aberturas e telhado. Podem ser janelas amplas para enxergar o mundo, ou estreitas para nos isolarmos dele. Pode haver jardins, pátio, por pequenos que sejam, com flores, com balanços, para a alegria; ou só com lajes frias, para melancolia.
Vendavais e terremotos abalam qualquer estrutura, mas ainda estaremos nela, e ainda poderemos consertar o que se desarrumou."


"..., melhor ter rugas de riso do que cara feito máscara de gesso."


"Se estamos num barco, é bom escutar as águas, apreciar as margens, tentar enxergar o porto de chegada: não com ânimo sombrio, mas como quem, em plena viagem, avalia o próximo cais e tenta se abrir para o novo que ali nos aguarda."


"Tudo que pareço inventar eu vivi, senti, seja em mim mesma, seja nos personagens criados pela minha fantasia ou nascidos do meu inconsciente - seja na observação de tantos anos das pessoas e das coisas, humanas, sociais, culturais. Estão também em todos os livros lidos, os filmes assistidos, as reportagens vistas, e nessas entrelinhas singulares mas reais de quem contempla mais do que corre ou se agita, por natureza e profissão."


"A cada dia, mesmo sem saber, e sem querer, estamos nos criando. Ninguém pode nos dizer que será fácil. O fácil pode ser desinteressante, e merecemos ao menos alguma vez fazer, querer, ser, o interessante, o audacioso, apesar dessa incrível sensação de fragilidade que nos acompanha."


"Não importa em que acredito. Importa que eu acredite mais na vida que na morte, mais na presença que na ausência: é o melhor que posso fazer por esses que, sem os perder, perdi."


"A morte pode ser o barco atracando em areias macias, ou o rio desaguando num oceano acolhedor. Como ninguém me prova o contrário, gosto de pensar assim."


"É preciso enfrentar isso que não controlamos, mas que não precisa nos destruir: a vida inevitavelmente fluindo. Pois nós também somos isso."





PRESENTE ESPECIAL


E diretamente da Itália chega o meu exemplar tão esperado do livro "Coisas Que Ninguém Sabe", do autor Alessandro D'Avenia.


"Acreditava nos livros com a fé que se tem em uma religião, encontrava mais realidade entre as linhas que nas ruas, ou talvez tivesse medo de tocar a realidade diretamente, sem o escudo de um livro.” 
(Frase retirada do livro)

* Abaixo segue a foto da edição brasileira pela Editora Bertrand Brasil e do meu novo encanto pela Editora Mondadori.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

"TEMPO DE ESPERAS", PE. FÁBIO DE MELO - ED. PLANETA



Dois personagens, Abner e Alfredo. De um lado, um velho professor que resolveu refugiar-se numa vida simples, abandonando todas as glórias da vida acadêmica, e de outro, um jovem estudante de filosofia, cujo sonho é alcançar o que professor resolveu abandonar. Num contexto de desilusões e esperanças, estes dois homens estabelecem uma instigante troca de correspondências.
Através de confissões corajosas e sinceras, eles descobrem que muito mais que estarem em lados opostos do desejo, como se fossem o passado e o futuro de uma mesma existência, eles estão diante do desafio humano que nunca cessa: compreender o tempo das esperas.
Um livro de fácil leitura que nos faz trilhar um caminho diverso de reflexões e aprendizado. Traz um final inesperado e surpreendente. Vale muito a pena conferir!



Trechos e frases:


"A escrita é uma aventura perigosa. Nela o coração humano se registra e se revela."

"A palavra segura o significado do vivido, desafia o tempo, engana a cronologia."

"A dor humana não cabe inteiramente na casa da palavra. Mas é nela que vez em quando a dor descansa. Dor que não recebeu o abrigo da palavra corre o risco de virar amargura."

"A palavra é um socorro à alma humana, meu caro Alfredo. Os poetas e escritores sabem disso. Uma edificação literária é um território onde muitas almas encontram descanso para suas inquietações."

"A obra escrita com sensibilidade e arte funciona como teto onde protegemos nossa nudez, onde encontramos abrigo para descansar nossas indigências."

"Diamante na vitrine brilha muito mais que quando em nossas mãos."

"O fato é que um dia a gente acorda e percebe que a roupa não nos serve mais."

"Nossas almas estavam distraídas. Foi amor à primeira vista."

"Almas orfãs quando se encontram não se submetem mais aos malogros e sofrimentos das distâncias."

"... só o amor é capaz de dar jeito nas pessoas."

"... o amor é o grande responsável pela costura da vida. É ele que alinhava o sentido da existência, pois ele é a grande riqueza que a condição humana herdou."

"O jardim é o lugar da contemplação, e a contemplação não é outra coisa senão o descanso do pensamento. É por isso que vez em quando a alma grita pela necessidade de silenciar-se. Grita pelo direito de cessar as perguntas, de interromper, ainda que temporariamente, a produção de respostas."

"Descobri que a contemplação minimiza as ansiedades que antes me roubavam a alegria."

'Quando amamos e somos amados, o futuro é apenas um detalhe, porque o presente torna-se imenso, determinante."

"Só o amor pode encher a vida de sentido."

"A condição humana é marcada pela precariedade."

"Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. Talvez seja por isso que as pessoas simples sejam mestras em alcançar a felicidade com poucos recursos. Elas fazem uma experiência direta da vida. Deixam-se afetar por tudo o que é vivo e não perdem tempo com complexidades que não alterarão a vida que precisa ser vivida."

"O amor da sua vida foi levado por um vendedor de flores. Seu discurso inteligente, sua boa conversa não foram mais convincentes que uma rosa vermelha, ofertada em um fim de tarde, quando a vida era outono e os corações estavam desprevenidos."

"Um dia eu precisei amar minha dor. Era o único jeito que tinha de continuar vivendo. Ou aprendia, ou morreria com ela. Resolvi aprender."

"Filosofar sobre a dor não ameniza o seu poder, ao passo que acolhê-la com simplicidade, isso sim faz sentido."

"Há sepultamentos que são necessários para o prosseguimento da vida."

"Camuflar a insegurança é alimentar a covardia."

"Há sempre um perigo no amor que tem utilidade. Enquanto o outro exerce alguma função na nossa vida, corremos o risco de não experimentar o amor gratuito. Meu caro Alfredo, a utilidade pode parecer amor, mas não é. Amor que se fundamenta na utilidade que o outro tem corre o risco de se transformar em abandono num futuro próximo."

"O ser humano precisa de um motivo para ir adiante."

"Nem sempre a vida fala. Por vezes o que dela temos é o silêncio."

"Amores desfeitos são como resfriados. Num primeiro momento são agudos, doídos. Ficamos prostrados, indispostos. Mas é só uma questão de paciência. Afetos também carecem de repouso. Precisamos deixar que o movimento natural da vida venha inflar novos ares dentro de nós. O tempo se empenha de ajeitar as coisas em seu lugar. Pode acreditar. Este momento doloroso vai passar."

"... vive melhor aquele que acolhe a novidade de cada dia. Aquele que não se prende à estação já findada, mas dela recolhe o fruto ofertado e prossegue."

"Reconheço minha felicidade escondida em coisas miúdas. São pequenas interferências que quebram o cotidiano e sua continuidade. Por um instante, a vida parece parar. O coração descobre um novo jeito de enxergar o sempre visto, o mundo que nunca muda, e nele encontra um motivo para sorrir, ainda que a vida ande escassa de alegrias."

"A alegria apressa as horas. O sofrimento paralisa."

"Pessoas são como livros, Alfredo. Precisam ser lidas. Não pare nas capas. Há muita riqueza escondida em capas não atraentes."

"A matéria prima da poesia é a vida..."

"Há certos momentos em que um colo aconchegante vale mais que mil frases inteligentes."

"Deus é nosso Sol, e nós não poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não pusermos a direção dos nossos olhos. Cada vez que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no risco de fazer ser o nosso Sol o que na verdade não passa de luz artificial. Substituição desastrosa que chamamos de idolatria. Uma força finita colocada no lugar de Deus."

"A pergunta aguça a dor. O silêncio acalma."

"A morte é inevitável para quem deseja florir-se no tempo certo."

"... quem não expulsa os inimigos do coração, quem não acolhe o fracasso para com ele aprender e quem não sepulta os seus mortos corre o risco de transformar a vida numa paixão inútil e sem encanto."

"Quem ama quer a criatura amada por perto. O amor é o desejo de permanência. É a eterna vontade de que o outro não se distancie demais. É o lugar da identificação, quando juntos reconhecemos que a trama da vida nos entrelaçou de um modo tão intenso que agora já não há a possibilidade de viver fora do entrelaço."

"O amor gera o cuidado..."

"Clara me levou de mim. Vez em quando eu ainda me sinto ausente de mim mesmo. É por isso que ainda espero pelo seu retorno. Se não for para ficar, que seja então para me devolver o que é meu."

"Ter fé é uma forma de não saber. Muitos pensam que é o contrário. As grandes religiões não começam nas respostas. Elas partem é de grandes perguntas, ajudam-nos a conviver com as dúvidas. Ter fé é viver em estado de abertura para que Deus aconteça."

"A palavra é uma forma de bênção."

"Meu amor por Clara agora é leve, e por isso não me custa levá-lo comigo. Ainda que não seja correspondido, esse amor faz parte de minhas riquezas humanas. O desprezo que recebi de Clara não retira a nobreza do que sinto por ela. Esse amor não me expõe fraco, tampouco me empobrece, ao contrário, torna-me ainda mais feliz."

"O grande problema é que olhamos depressa demais para tudo isso. Não sabemos demorar no que vemos. Olhamos, mas apenas esbarramos os olhos no que vemos. É triste. Quanto milagre acontece ao nosso redor, mas nossa pressa com a vida nos cega para esta percepção."

"O que quero é a totalidade da vida escondida na miudeza de cada instante..."

"Toda vez que não resistimos ao movimento da vida, a sabedoria vem se alojar em nós."

"Palavras combinam com flores. Elas sofrem o mesmo processo que as sementes. Elas carecem de tempo dentro de nós para que floresçam bonitas."

"Frases que marcam são as que certamente foram cultivadas no silêncio de uma vida cheia de desafios."

"A palavra poética é salvífica."

"A palavra nos recria, ela nos recomeça, ela nos ressuscita."

"Dor que dói para redimir é dor que vale a pena!"

"Sabedoria e inteligência, quando juntas, são virtudes que transformam o mundo."



sábado, 5 de julho de 2014

"COISAS QUE NINGUÉM SABE", ALESSANDRO D'AVENIA - ED. BERTRAND BRASIL



Coisas que ninguém sabe. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2013. Título original: 'Cose Che nessuno sa.'

Este é o segundo livro do  autor italiano Alessandro D’Avenia publicado no Brasil. O autor escreve para adolescentes, mas sua narrativa  vai além, pois o autor escreve de forma poética e erudita. Seus romances são repletos de frases e referências literárias.



Trechos e Frases:



"As lágrimas não se distinguem, e a vida é tão tenra que se dissolve como cera ao fogo, que descasca a menina para descobrir a mulher." 

"A beleza nasce dos limites, sempre." 

"Mas a ele bastava inventar as histórias escondidas daqueles personagens, que, no coração da noite, se descolavam das folhas de papel: o gnomo guloso devorava todas as cerejas, enquanto o dragão que cuspia fogo se apaixonava perdidamente pela borboleta." 

"Quem conhece a dor reproduz-lhe o eco por toda a vida, como as conchas fazem com o mar." 

"Parecia um dom Quixote moderno em seu Rocinante de ferro, mas, em seus olhos, não se vislumbrava loucura, apenas o olhar transparente de quem vê espetáculos não percebidos por olhos que se fecham no limiar das coisas." 

"Acreditava nos livros com a fé que se tem em uma religião, encontrava mais realidade entre as linhas que nas ruas, ou talvez tivesse medo de tocar a realidade diretamente, sem o escudo de um livro.” 

"O mercado dos ignorantes é como o dos mortos: não diminui." 

"Demorou a adormecer. Perguntava-se por que o amor, tão simples em poesia, é tão difícil e arriscado na vida." 

"Somente quem lê e escuta histórias encontra a sua." 

"A solidão o estimulava e ele a degustava entre espirais de fumaça. No lugar da pele, tinha uma couraça de ferro. Sua pele havia desaparecido havia muito, em uma noite sem tempo, como aquela em que o Pequeno Polegar é deixado no bosque e precisa encontrar sozinho a estrada. E a encontra tornando-se mais esperto e mais forte que a noite. O segredo para vencer a noite é tornar a própria pele e o coração mais duros que ela." 

"Como um marinheiro sob o manto noturno do céu, imergiu naqueles olhos... tempo suficiente para um poeta receber inspiração." 

"Os deuses dão só o primeiro verso, depois a tarefa dos poetas é estar à altura nos seguintes, e assim é o amor: acontece como um dom do céu e depois o testemunho passa a nós, pedindo-nos a coragem e o afã de deixá-lo acontecer, sem medo de nossa inadequação." 

"Amor é aquilo que escraviza os livres e liberta os escravos."
 
"Até a lampadazinha que brilhava na penumbra do quarto, iluminando as linhas de um livro, parecia a lembrança ancestral de noites de fogos, estrelas e narrativas."
 
"O silêncio da nascente quase decepcionava comparado ao rumor alegre da cascata. A vida é assim: nasce em silêncio, em um esconderijo, e, aos poucos, engrossa-se em seu transcorrer e canta justamente onde encontra um obstáculo."
 
"Você não imagina quanto é bonito amar para além dos próprios medos."
 
"Quem tem um amor em vigília pode dormir sonos tranquilos."
 
"O amor se nutre de distância, mais que de vizinhança, ou melhor, a proximidade excessiva o ofusca e o apaga. Somente quem ainda pode desejar permanece enamorado."
 
"Um amor sonhado é mais feliz que duas escovas de dentes juntas no mesmo copo."
 
"E esperaria todo o tempo do mundo, porque só o tempo conhece a fórmula para transmutar os desejos em vida e a vida em desejos..."
 
"... mas nada mancha mais os olhos do que as lágrimas."
 
"Certas coisas não se dizem em voz alta. A gente faz, e pronto."
 
"Assim fazem as histórias: suavizam as arestas das coisas e permitem que você caminhe sobre elas."
 
"A vida é um fio. Não, pior: a vida é um novelo emaranhado e inextricável. Quem consegue encontrar a ponta da meada é um afortunado."
 
"Naquela escuridão, encontraria mais amor que havia encontrado na luz fria e enganadora do mundo: ainda podia confiar na vida, na vida que existia nela, e, se alguém a alcançasse ali, provavelmente poderia chamá-la Amor."
 
"... , não eram as estrelas que flutuavam no escuro, mas o escuro que cobria, como uma capa esburacada, um enorme espaço branco de luz."
 
"Muitas vezes, a coragem chega quando é tarde demais, porque o medo impede de ver adiante e, em vez disso, impele a tentar controlar aquilo que estamos perdendo, porque essa é a solução mais rápida, segura e indolor."
 
"... desenhava para não chorar. Isso talvez viesse a torná-lo um artista, mas certamente o tornaria único, porque, onde a dor se esconde, cresce a madrepérola da vida."
 
"As distrações, aquelas traídas por olhos perdidos no vazio, são as verdadeiras atenções, e, na realidade, aqueles olhos que parecem não enxergar nada veem tudo."
 
"... até as coisas cortantes se suavizam com o tempo, que o amor transforma um pedaço de garrafa em uma pedra preciosa, e que eu estava fazendo isso com ele."
 
"As palavras dos grandes escritores refinavam seus sentidos e construíam um significado ulterior, magnificavam o corriqueiro, arrancando-o à sua rotina, transformavam em poesia a prosa cotidiana."
 
"A literatura o obrigava a se escutar, como se, em seu íntimo, existisse uma porta atrás da qual alguém murmurava segredos a seu respeito."
 
 
 

terça-feira, 3 de junho de 2014

"A PROFESSORA DE PIANO", JANICE Y. K. LEE - ED. NOVA FRONTEIRA



Às vezes o fim de um amor é só o começo...

Considerado best-seller pelo New York Times, esse é o livro de estréia da escritora, nascida em Hong Kong, Janice Y.K. Lee, ex-editora da revista Elle.

O livro foi publicado no Brasil pela Editora Nova Fronteira.

Um romance ambientado em Hong Kong na década de 1940 e 1950.

O Inglês, Will Truesdale, ao chegar a Hong Kong, se entrega a uma paixão arrebatadora pela bela socialite, Trudy Liang. Mas, com a invasão dos japoneses, Will é enviado a um campo de concentração e Trudy é obrigada a fazer alianças perigosas, que acabam envolvendo-a numa trama de roubo e traições.

A história se move com fluidez entre dois casos de amor que acontecem 10 anos separados, ligando o tecido social que entrelaça as vidas de tantas pessoas, e, finalmente, culminando com as revelações e os segredos em tempo de guerra e traições.

Uma história de amor e muitos conflitos envolvendo a guerra, sobrevivência e escolhas.

O livro possui um enredo capaz de prender a nossa atenção, repleto de mistérios e muitas histórias entrelaçadas.

Para os admiradores de histórias que envolvem os dramas vividos na guerra e nos campos de concentração fica a dica!
 


Trechos e frases:



“ - Acha que eu vou matar você quando amanhecer? - Tudo muda com a luz do dia, não é?”


“Ele gritou, implorou, suplicou. Foi espetado com a ponta de uma baioneta. Teve a bochecha riscada até brotar sangue. Depois um dos dedos mindinhos quebrado com um martelo. Depois todos os outros dedos. Uma semana na solitária. Negou tudo. Confessou tudo. Raspem a superfície de um homem. Vejam o que aparece.”


“Ela engolia o próprio pensamento, e a pessoa que poderia ter sido tornava a afundar, sufocada pela Claire que já estava demasiado visível no mundo. Sentia isso quando estava segurando um copo em alguma festa e de repente tinha vontade de esmagá-lo com as mãos. Essa pessoa escondida havia inflado e desinflado tantas vezes que sua elasticidade ia diminuindo com o tempo.”


"Trudy, a desgraça nunca termina se você continuar pensando nela."


"Tudo parece melhor pela manhã, não acha?"


“(…) diz ela com impaciência, como se ele não a estivesse a perceber. – Só queria dizer que boa parte da população não se importa com o que acontece aos Britânicos. Mas, ao mesmo tempo, também se está nas tintas para os Japoneses. As pessoas só querem viver a sua vida descansadas, ganhar algum dinheiro, fazer um pouco de amor, morrer com alguma comida no estômago. Mais nada. (…) Will percebe quão astuta ela é. E prática.”


"O que está a perturbá-lo é a sua própria falta de vontade de se comprometer e a sua causa – a sensação de que não consegue libertar-se: que chama à sua relutância integridade, mas talvez ela seja simplesmente covardia.”