Considerado um dos 1001 livros para ler antes de morrer Ruído Branco é o oitavo romance de DeLillo.
Conta a história de um professor universitário que vive com a família no Meio-oeste americano, numa cidadezinha que é evacuada depois de um acidente industrial. À luz de desastres como o da Union Carbide na Índia, que matou mais de duas mil pessoas e feriu outras milhares (e que acabara de ocorrer quando o livro foi publicado), Ruído branco mantém seu sentido atual e aterrorizante."A grande particularidade de Ruído branco é sua compreensão e percepção da trilha sonora dos Estados Unidos.
O ruído branco inclui o som sempre presente do tráfego da auto-estrada, um murmúrio remoto e constante que contorna nosso sono, como almas mortas balbuciando nas margens de um sonho.Não é tanto com o caráter que DeLillo se preocupa: seu tema é basicamente a cultura, a sobrevivência e a interdependência crescente entre o eu e a comunidade nacional e mundial. O homem viril diante dos elementos, o fora-da- lei, o super-herói, existem no mundo moderno apenas como mitos; somos os elementos da natureza, um povo tecnologicamente orientado que nem por isso deixa de estar preso na peneira da história. No que DeLillo escreve existe o suspense e uma inteligência que questiona, um sentido simultâneo do círculo que se amplia e da malha fina da rede." The New York Times Book Review
TRECHOS E FRASES:
" - Por que a gente não pode encarar a morte de modo inteligente? - perguntei
- A resposta é óbvia.
- É?
- Ivan Ilitch gritou durante três dias. É o máximo de inteligência a que se pode aspirar. O próprio Tolstói lutava para entender. Morria de medo."
" - Nossa consciência da morte não torna a vida mais preciosa?
- De que vale a sensação de que a vida é preciosa se ela se baseia no medo e na ansiedade?"
"É para isso que serve a tecnologia. Por um lado, ela cria o apetite da imortalidade. Por outro, ameaça destruir toda a Terra. A tecnologia é a lascívia afastada da natureza."
"O medo é antinatural. O relâmpago e o trovão são antinaturais. A dor, a morte, a realidade, tudo isso é antinatural. Não suportamos estas coisas tais como elas são. Sabemos demais. Por isso apelamos para a repressão, as concessões, os disfarces. É assim que sobrevivemos no Universo. Esta é a linguagem natural da espécie."
"A pessoa passa a vida toda se despedindo dos outros. Como é que ela se despede de si própria?"
"Pela primeira vez compreendi o que era a chuva. Sabia o que era o úmido. Compreendi a neuroquímica do meu cérebro, o significado dos sonhos (o refugo das premonições)."
"Grandes emoções inomináveis latejavam em meu peito. Eu sabia quem eu era na rede de significados."
"Eu enxergava além das palavras."
"Os que não creem precisam dos que creem. Eles precisam desesperadamente que haja alguém que creia."
"Nossa tarefa no mundo é acreditar em coisas que ninguém mais leva a sério."
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